Romanos e Saduceus: A quem entregaram nosso Pré-Sal?
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Romanos e Saduceus: A quem entregaram nosso Pré-Sal?

No livro "Dependência e Desenvolvimento na América Latina", dos sociólogos Enzo Falleto e Fernando Henrique Cardoso, talvez esteja a pista.

  • Publishedmarço 11, 2022

Há uma amnésia coletiva sobre o que um dia foi chamado de “nosso pré-sal”. Por que, na atual discussão sobre preços de combustíveis, não se fala mais em pré-sal? Como se explica ter ele sumido da memória de nossos líderes e até da imprensa?
 
Acomodado em minha estante e vendo minha inquietação, o historiador judaico-romano Flávio Josefo (37 a 100 dc) se agita em me dizer algo. No livro II de seu “Las Guerras de los Judíos”, ele trata da relação de subordinação do governo judaico ao poder de Roma. Os membros do Sinédrio, expressão do poder local, eram escolhidos conforme o dedo de César. E a elite judaica (os saduceus) mantinha acordos de conveniência com aquele poder estrangeiro numa relação de dependência para garantir privilégios.
 
Deixemos Flávio Josefo e consideremos obra contemporânea. O livro “Dependência e Desenvolvimento na América Latina”, dos sociólogos Fernando Henrique Cardoso (nosso ex-presidente) e Henzo Falleto, faz-nos saber que o Brasil tem sua economia embasada em dependência internacional, o que se desenha com base em dominação – de grandes corporações internacionais sobre as elites econômicas nacionais, e destas sobre as classes média e baixas. A dominação internacional configuraria o que a obra denomina “economia de enclave” (extensão territorial de país estrangeiro): “atividades primárias controladas de forma direta pelo exterior” (p. 46).
 
Segundo Josefo, a elite judaica mantinha obediência a Washington, perdão, Roma, colhendo privilégios e riquezas enquanto permitia, dissimuladamente, que os romanos espoliassem as riquezas de seus compatriotas.
 
Flávio Josefo não fala de Jesus, embora fossem contemporâneos. Mas temos a Bíblia: quando condenam Jesus Cristo, é o Sinédrio (que tem as bênçãos de César) quem o faz. Pilatos, o governador romano, apenas lava as mãos, embora a Roma interessasse calar dissidentes como Jesus. Tudo muito conveniente, senão, como reagiria o povo da Galileia se soubesse, pelos telejornais e redes sociais, que a condenação de seu líder fora decidida por governo estrangeiro?
 
A quem entregaram o pré-sal?
 
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Referências bibliográficas:
 
Cardoso, Fernando Henrique; Falleto, Henzo. Dependência e Desenvolvimento na América Latina – Ensaio e interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1970.
 
Josefo, Flávio. La Guerra de Los Judios. Tradução de Carola Tognetti. Versão digital. Greenbooks Editores, 2019.
 

Written By
Gilberto Vitor

Escritor, pesquisador independente - Literatura, Filosofia, Linguística.

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