Tecnologia da Informação e Psicanálise: De como manipulam você e a Democracia.
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Tecnologia da Informação e Psicanálise: De como manipulam você e a Democracia.

Como explicar que pessoas inteligentes caiam em fake news claramente absurdas? Por que pessoas defendem e votam por ideias que vão contra os seus próprios interesses legítimos? O que as

  • Publishedsetembro 8, 2021

Como explicar que pessoas inteligentes caiam em fake news claramente absurdas? Por que pessoas defendem e votam por ideias que vão contra os seus próprios interesses legítimos? O que as redes sociais, a tecnologia da informação e a psicanálise tem a ver com isso?

É provável que a sua realidade, como você a enxerga, seja uma distorção que um sistema invisível de controle impôs à sua visão de mundo. Não se trata apenas de “fake news” ou daquele seu amigo negacionista. Acredite: todos estamos imersos nessas realidades manipuladas.

É importante saber a respeito. Nunca foi tão certo que o conhecimento liberta.

Em 1928, o austro-americano Edward Bernays, sobrinho de Freud, publicou seu livro “Propaganda”. Na obra, Bernays propõe e mostra como usar a psicanálise de massas para o que ele chamou de “manipulação das democracias” para “controlar as massas e manipulá-las à vontade sem que elas se deem conta”. Acrescentava: “os que manipulam esse mecanismo social imperceptível formam um governo invisível que realmente dirige o país”.

Em seu romance histórico “Tempos Ásperos”, o Nobel de Literatura Vargas Llosa revela (na parte não-ficcional e em palestras sobre seu livro) que o próprio Bernays viajou à Guatemala a serviço da United Fruit para orientar propaganda para o golpe de Estado aos governos democráticos de Arévalo e Jácobo Árbens. Registros hoje públicos da CIA mostram o modelo em seguidos golpes de Estados na América Latina.

A Guerra Fria (formalmente, entre anos 1947 a 1989) aprimorou os métodos, que agora estão potencializados pela tecnologia da informação. E temos agora as redes sociais ricas de informações a nosso respeito – que nós mesmos lá as registramos. Armazenadas em grandes sistemas de Big Data e Inteligência Artificial, elas são usadas para nos classificar segundo nossas crenças e medos (que nós mesmos desconhecemos). Agora, basta que nos injetem informações dirigidas a construir realidades que nos queiram impor. Assim, estamos prontos a defender pessoas e votar por ideias que, em última instância, são contra nossos próprios interesses.

Esses sistemas sabem quais tipos de informações passam pelos filtros dos medos e anseios de cada grupo classificado. Em processo autorreforçado, escravizamo-nos a visões de mundo que são usadas, por exemplo, para fins eleitorais. Isso explica por que pessoas inteligentes caem em “fake news” absurdas – nós acreditamos no que precisamos acreditar.

Há quem denuncie e lute contra esse sistema poderoso e nocivo: o ex-agente da CIA Edward Snowden e o premiado jornalista Julian Assange lutam para não serem deportados aos EUA, a maior “democracia” do mundo, onde podem ser condenados à pena de morte.

O documentário “Privacidade Hackeada” (Netflix) deixará você chocado com o mundo em que vivemos.

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Referências bibliográficas:

BERNAYS, Edward. Propaganda: cómo manipular la opinión en demovracia 1ª Ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Libros del Zorzal, 2016.

LLOSA, Mario Vargas. Tempos Ásperos. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Alfaguara, 2020.

SNOWDEN, Edward. Eterna Vigilância. Tradução de Sandra Martha Dolinsky. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019.

Written By
Gilberto Vitor

Escritor, pesquisador independente - Literatura, Filosofia, Linguística.

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