
Zeca trabalhava, havia anos, o jardim do patrão. Seu gerente o reconhecia como funcionário dedicado, jardineiro competente.
O patrão orgulhava-se do seu jardim: “Que magnífico, o meu orquidário!”. Zeca orgulhava-se do seu ofício: “Que belezas estas flores da empresa”. O trabalho de Zeca era a sua realização. O fruto do seu labor, o deleite do patrão.
Um dia, o dono se cansou: daria outro destino àquele terreno. Zeca viu tijolos e britas matarem as flores. Protestou. Ali estavam enterrados os melhores anos de sua saúde. Mas o jardim já não convinha à empresa. E o jardineiro foi dispensado.
Zeca chorou. Dos seus olhos, uma gota de iluminação: Eu não sou o que tenho; eu sou o que faço. Compram minhas horas de labor, e levam a propriedade do que sou.