Chegada a Abolição, os dois irmãos pegaram a estrada com suas famílias. Levaram dois farnéis com farinha e carne seca, quartinhas de água e uns tocos de fumo, indenização por anos de escravatura. Iam à Paraíba, de onde os tiraram ainda meninos.
Já em Pernambuco, farnéis vazios, negociaram em beira de estrada:
– Nosso trabalho por comida.
Foram levados a um engenho ali perto.
– A comida vocês pegam no barracão. Recebendo por sua tarefa, paguem e podem partir.
Mas o trabalho não saldava o barracão. Os dias passavam. O cativeiro legal era agora o cativeiro econômico.
Queixavam-se a um preto velho:
– Não é justo. Nós agora somos trabalhadores livres.
– Libertos é o que são. Livres, não. Lavrador, agricultor ou trabalhador, seremos sempre os libertos.
Na capital da nascente República, os partidos Conservador e Liberal comemoravam:
– Criamos uma nação de libertos: pretos, mulatos e brancos, todos cativos de uma minoria livre.
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