Libertos
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Libertos

Narrativa curtinha para você enriquecê-la com sua sensibilidade.

  • Publishedsetembro 28, 2022

Chegada a Abolição, os dois irmãos pegaram a estrada com suas famílias. Levaram dois farnéis com farinha e carne seca, quartinhas de água e uns tocos de fumo, indenização por anos de escravatura. Iam à Paraíba, de onde os tiraram ainda meninos.

Já em Pernambuco, farnéis vazios, negociaram em beira de estrada:

– Nosso trabalho por comida. 

Foram levados a um engenho ali perto.

– A comida vocês pegam no barracão. Recebendo por sua tarefa, paguem e podem partir.

Mas o trabalho não saldava o barracão. Os dias passavam. O cativeiro legal era agora o cativeiro econômico.

Queixavam-se a um preto velho:

– Não é justo. Nós agora somos trabalhadores livres.

– Libertos é o que são. Livres, não. Lavrador, agricultor ou trabalhador, seremos sempre os libertos.

Na capital da nascente República, os partidos Conservador e Liberal comemoravam:

– Criamos uma nação de libertos: pretos, mulatos e brancos, todos cativos de uma minoria livre.

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Written By
Gilberto Vitor

Escritor, pesquisador independente - Literatura, Filosofia, Linguística.

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